segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Consideraçoes Finais


Universidade Federal de Goiás
Faculdade Artes Visuais
Estagio Supervisionado III
Aluna: Maria Regina Amorim

Quando me deparei com a matéria Estagio Supervisionado III fiquei apreensiva em ter que voltar a unidade escolar e iniciar mais uma parte do processo, mas, no entanto quando a disciplina abriu o leque para outras possibilidades um novo trilhar etnográfico surgiu, observando e dando atenção a lugares que ate então eu passava mais não percebia, essas observações me conduziram a procurar uma porta diferenciada das quatros paredes da sala de aula.
 Foi nesses momentos de percursos que a busca foi iniciada uma porta aberta aqui em Trindade onde resido a bem pouco tempo. Essa cidade como qualquer cidade educadora tem seus espaços que oferece possibilidades mesmo sendo comparado a um bairro da capital goiana.
Diante da busca visitei a rodoviária, igrejas, hospitais, ponto de moto boy, feiras livres, academias; pensei que poderia fazer as intervenções nesses ambientes, por exemplo, a feira da noite seria um bom lugar devido ao grande numero de jovens que freqüentam esse denominado “point”, para encontros, mas meu olhar estava voltado em direção a crianças e adolescentes após a leitura do texto cidade educadora e fiquei sem expectativa para esses lugares. Após visitar um lugar bem conhecido que é o Grupo Desencanto que é dirigido por um artista nato Amarildo, La são oferecidas varias oficinas, teatro, dança, pintura, escultura, trata-se de um ateliê bem grande. Esse grupo realiza festivais de dança, teatro onde vem representantes de outros municípios para participar dos eventos. O grupo também é responsável pelo carnaval de Rua de Trindade, teatro da Via Sacra na Semana Santa, La nesse espaço conversei com as pessoas achei rico o trabalho, mas ali em que poderia intervir? Pois as pessoas são auto-suficientes.
Foi nesse momento que me adentrei no Hospital Materno Infantil de Trindade pensei na possibilidade de realizar uma proposta que tornasse esse momento de enfermidade mais feliz, algo como o filme o “Amor é Contagioso”. Mas devido a restrições de horário e confusões com os pais dos filhos ciganos internados a porta se fechou. De repente surgiu o Condomínio Beija Flor um lugar onde abriga crianças, adolescentes, vitima de abuso e violência de todas as espécies, a principio fiz uma visita conversei com a diretora onde fui bem acolhida e a porta abriu para que eu pudesse realizar a intervenção pedagógica a única ressalva era que não se podia divulgar a imagem das crianças por estarem sobre a guarda do juiz e afastada dos seus possíveis agressores, essa instituição é mantida pela Prefeitura de Trindade com respaldo do conselho tutelar, juizado de menores etc.
Era necessário elaborar uma proposta de intervenção para a finalidade a qual me propus que era tornar aqueles momentos de aprendizagem descontraídos e agradáveis para as crianças. A primeira oficina levei os cartazes e me apresentei para as crianças foi meu primeiro contato pois as outras vezes que fui La elas ficavam escondidas apenas se via uma ou outra passando de relance tive acesso dentro de toda unidade onde a situação é evidenciada uma casa pequena, quarto simples, cozinha com moveis estragados, sala com sofás rasgados e a área para realização da oficina bem pequena, o espaço maior é o quintal mais não tem brinquedos. Segundo a coordenadora essas crianças ficam reclusas e quando vai alguém La é motivo de alegria como se alguém lembrasse delas.
Confesso que durante toda minha vida de professora nunca me deparei com tanta carência os aprendizes sentaram em volta da mesa e comecei as abordagens sobre o tema Arte Abstrata. Em seguida expliquei como seria a produção individual, e que através desse trabalho eles poderiam expressar suas emoções e sentimentos apenas utilizando cores e pinceis. O trabalho ficou magnífico! As crianças me perguntavam se eu iria voltar, fiquei tão satisfeita em realizar esse estagio que jamais imaginei que dedicar algumas horas do meu tempo pudesse fazer alguém tão feliz, só eu fiquei triste com minhas emoções. As expectativas do resultado da intervenção foram alem do imaginário, pois ate o momento me emociono em lembrar-se daquelas crianças. A proposta que intitulei Arte e Solidariedade, veio acalhar, nunca tinha pensado que o ensino de arte pudesse atingir todos os patamares da sociedade. Alguém que esta em depressão, triste e sem razão de viver, deveria tirar algumas horas do seu precioso tempo em visitar essas crianças. O nome da Universidade Federal de Goiás,foi bem visto e as portas estão abertas,a quem deseja ajudar o próximo,ou mesmo dar uma nova direção a sua vida.                                                                                          
O engraçado desse processo é que quando fiz o magistério tive o desejo de ajudar crianças carentes, e agora anos bem mais tarde, realizei um sonho. E para a efetivação dessa proposta sob orientação e correção dos professores específicos tive que buscar subsídios teóricos, com os livros indicados pela professora Raquel, entre eles “educar na biologia do amor e da solidariedade”, veio ser compatível com minha proposta.
“Resgatando ávida estaremos resgatando cada um de nos, resgatando a nossa alegria e nosso prazer em viver.” Pg 247.
Acredito que tudo que fizermos em prol do próximo nos leva ao bem estar do espírito, e a tranqüilidade de saber que os conhecimentos teóricos, podem ser praticados em favor daqueles menos esclarecidos e favorecidos.  

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